Do que estamos falando quando falamos em endomarketing?”. Essa foi a pergunta norteadora do primeiro episódio do podcast EndosferaCast, com curadoria da Santo de Casa Endomarketing. Para Camila Lustosa, diretora de estratégia e conteúdo da Santo de Casa, “o endomarketing traz como pilares as questões motivacionais, estratégicas e de apoio à gestão. É disso que a gente está falando quando fala de endomarketing”.

Carla Petry, diretora de operações da Santo de Casa, afirma que o endomarketing ajuda a tangibilizar abordagens conceituais da cultura para as pessoas: “ele mostra como as coisas são na prática e o papel delas nesse meio. O endo faz com que os colaboradores percebam o planejamento estratégico, o posicionamento da marca, a visão, a missão, os valores, e tantos outros aspectos de forma mais clara e inserido no seu dia a dia. Eles precisam ter essa ciência para produzir mais resultados.”

E tudo começa com esses colaboradores. Eles precisam estar no centro. É no cerne da companhia, na cultura e nas pessoas que começa o sucesso de uma organização. “Ele explode de dentro para fora. Por isso, falamos em big bang. A energia que as empresas vendem começa com as pessoas”, explica Parahim Lustosa Neto, consultor de criação da Santo de Casa.

big bang do endomarketing

As interlocuções do endomarketing

Por estar conectado com o planejamento estratégico, o endomarketing precisa estar alinhado com diversas áreas da empresa. A conversa é, muitas vezes, direto com a diretoria. Mas existe uma amplitude em fontes de contato.

Outras interlocuções acontecem, por exemplo, com a área de RH (Recursos Humanos)/DHO (Desenvolvimento Humano e Organizacional). Nessa frente, o trabalho é mais voltado para negócios, no sentido de fortalecimento de cultura e pensar ritos culturais. Com a comunicação, as entregas estão relacionadas a canais, conteúdo, campanhas e experiências.

Algumas empresas já criaram a área de endomarketing na sua estrutura, ligada diretamente à alta gestão, para incorporar esses esforços. Contudo, Camila lembra que, apesar da importância de se ter profissionais específicos para puxar essa frente dentro das empresas, essa é uma responsabilidade compartilhada. “Ele é uma construção transversal dentro da organização, com apoio de todas as áreas”, salienta.

Endomarketing e estratégia

O design estratégico traz muito a ideia de que o interno é a prioridade. A cultura, as relações, a essência do negócio devem ser os primeiros aspectos a serem pensados na estrutura da empresa. Isso é endomarketing. Segundo Parahim, “o endomarketing bem-feito é profundo. Ele mexe com o produto em si, no que será vendido. Tem uma conexão fina com a estratégia, faz a averiguação, procura saber mais sobre o que precisa, sugere um plano”.

Camila acredita que esse caminho ainda precisa ser percorrido: “é tímido o nível de entrada que as organizações permitem que consultorias como a Santo de Casa – e tantas outras do mercado – se conectem com a estratégia e o negócio, mas essa abertura está crescendo.”

Além de abertura, é preciso orçamento. Sem um mínimo de investimento, não é possível realizar ações e experiências de engajamento. A alta gestão precisa ter claro de que esse investimento impacta diretamente nos resultados. Afinal, são as pessoas que produzem os números positivos da empresa.

“Dessa maneira, o endomarketing começa a ter mais espaço e sua função e importância dentro da organização ficam mais claras”, comenta Adriana Menezes, consultora de planejamento e pesquisa e diagnóstico na Santo de Casa. Segundo ela, somente com pessoas engajadas, que sabem por que fazem o que fazem, é que a companhia irá alcançar o resultado desejado.

Os impactos do endomarketing

Para o colaborador, o endomarketing ajuda a ter a clareza do que a empresa busca nele, qual o seu papel dentro do todo. Tudo isso colabora para o senso de pertencimento e orgulho. E assim se forma uma marca empregadora. Carla defende que colaboradores felizes e motivados são mais produtivos, apoiam as iniciativas e cuidam dos bens da empresa. Inclusive, é possível medir o impacto do endomarketing o correlacionando com indicadores de negócio, como turnover, eNPS, rankings, pesquisas de clima e vendas.

O endomarketing também impacta a estratégia e os indicadores ESG das empresas. Especialmente quando se fala nos pilares social e governança. “O mundo quer saber como a empresa trabalha e trata as pessoas dentro da organização”, observa Parahim. Carla também lembra que os consumidores agora escolhem suas marcas conforme sua atuação, seu posicionamento e seu relacionamento com a sociedade.

Bebendo da fonte do marketing

Fazer um paralelo com o marketing é uma maneira de compreender o endomarketing de uma maneira mais holística. “Assim como o marketing trabalha um produto, o endomarketing faz a mesma coisa com uma empresa”, compara Parahim. “Contudo, enquanto o marketing externo busca satisfazer momentos curtos na vida das pessoas, o endomarketing precisa satisfazer e preencher o trabalho delas. Ou seja, ele precisa de plenitude todo santo dia”, complementa o publicitário.

Segundo ele, o endomarketing pensa desde o pool de benefícios que a empresa oferece (sua criação, seu estabelecimento e sua venda) até a sua comunicação para informar o colaborador, que é o público do endomarketing. Ou seja, utilizando a conceituação clássica do marketing, o colaborador é o cliente no endomarketing.

O ganho no desenho da estratégia do endomarketing, segundo Adriana, é ter muito claro qual é o público que se quer atingir: os colaboradores. Ele trabalha, por exemplo, a aquisição, a retenção e a fidelização do seu público. É como marketing – só que é para dentro. O que está sendo vendido é a empresa para o público colaborador.

No marketing, queremos que o cliente seja defensor da marca. No endomarketing, queremos que ele seja embaixador da marca. Conseguir isso é o grande pulo do gato”, celebra Adriana. O objetivo é levar para os colaboradores a estratégia do negócio, os benefícios e o sentido do trabalho naquela empresa.

Um marketing de dentro para fora

Adriana lembra a famosa frase “o endomarketing entrega o que o marketing promete”. De acordo com a administradora, não adianta prometer algo para o mercado se dentro de companhia existem pessoas não acreditem naquilo. Carla reflete que “se não tivermos o apoio do endomarketing, não existem entregas para o marketing. Afinal, são os colaboradores que fazem a entrega. Por isso dizemos que é de dentro para fora. Se não engajarmos as pessoas, que vão nos apoiar a fazer essa promessa de mercado, não vamos chegar nos clientes, nos fornecedores e não vamos ter entrega do produto.”

Para Adriana, “o engajamento é o grande diferencial para o sucesso do negócio. Se as pessoas têm orgulho e querem ficar na empresa, essa é uma evidência de valores fortes e de uma vontade de fazer parte. Nesse aspecto, o endomarketing tem o potencial de aportar um universo gigante”.

O universo do endomarketing

Na medida em que o conceito do endomarketing foi se ampliando, transbordou a comparação com o marketing tradicional. Ele trabalha questões motivacionais que têm a ver com comportamento, desejos e necessidades humanas. “Ao trabalhar com endomarketing, passamos a ter uma abrangência, uma amplitude e uma profundidade que alcança, por exemplo, a felicidade organizacional, tema que se discute muito hoje”, percebe Camila.

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A felicidade no trabalho se constrói a partir das relações e de um ambiente organizacional para que as pessoas de fato se engajem e se motivem para construir algo maior que elas mesmas. Na visão de Camila, “assim, o endomarketing começa a ir para um caminho maravilhoso, muito rico, que é trabalhar o sentido do trabalho, o sentido humano, o sentido da vida.”

Adriana vê o endomarketing transcendendo as paredes da organização e influenciando, sim, a vida das pessoas. “No formato atual, as pessoas, muitas vezes passam mais tempo envolvidas com o trabalho do que com aspectos pessoais, então não dá para dissociar esse impacto de relacionamento, de sentido, de propósito, de valores, do porquê faço o que faço, sem levar isso tudo pra a vida”, reflete.

Uma pessoa realizada, automotivada e com senso de pertencimento se torna um cidadão melhor para a sociedade, acredita Camila. “Quando, na Santo de Casa, tínhamos o conceito ‘do endomarketing para o mundo’, era disso que estávamos falando. Ao trabalhar esses profissionais dentro da organização, estamos transformando esses seres humanos em melhores pais, melhores filhos, melhores amigos, enfim, melhores pessoas”, conclui.

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